Governo não pretende contemplar reajuste defendido pelos servidores do Judiciário

14/09/2011 - 21h10

Orçamento não será alterado para atender a pressões por reajustes salariais, diz ministra

 

O governo não pretende alterar a proposta orçamentária de 2012 para contemplar reajuste defendido pelos servidores do Judiciário. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (14) pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, em audiência pública na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) na qual falou sobre a peça orçamentária e o Plano Plurianual (PPA) 2012-2015.

A ministra explicou que o projeto orçamentário começou a ser discutido no primeiro semestre de 2011, quando ainda não estavam muito claros os efeitos da presente crise financeira internacional e suas consequências no Brasil. Como a crise ainda persiste, o governo prefere não comprometer R$ 7,7 bilhões para atender reajuste que contemple o Judiciário e o Ministério Público da União (MPU).

Miriam Belchior observou que o Brasil está "muito bem preparado" para enfrentar a crise internacional, e que o país está ainda "mais sólido" que na crise financeira de 2008. Afirmou ainda que a equipe econômica está acompanhandocom atenção a crise nos países desenvolvidos, e que as restrições orçamentárias estão em consonância com aquilo que o governo entende ser necessário - garantir investimentos que estimulem a geração de emprego e renda no país.

Saúde

Em relação à cobrança de verbas adicionais para o setor de saúde, Miriam Belchior entende que esse tema deve ser definido pelo próprio Legislativo, que no momento discute a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que assegura os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde.

A ministra disse que a criação de uma contribuição que traga mais recursos para a saúde, defendida há tempos por alguns parlamentares, enfrenta resistência da sociedade. Ela insistiu, porém, que o tema precisa ser debatido no Congresso Nacional, e que o setor, além da falta de dinheiro, enfrenta problemas de gestão.

- É possível fazer mais com o que se tem hoje. Precisamos enfrentar essa questão, ainda mais com a ascensão da nova classe média, que vai exigir esse empenho - afirmou.

 

Lei Kandir

 

[Vital do Rêgo preside a Comissão Mista de Orçamento]

Outro ponto do Orçamento de 2012 que não será alterado pelo governo, adiantou a ministra, é o que diz respeito à Lei Kandir. No projeto encaminhado ao Legislativo, a exemplo de anos anteriores, o governo não estipulou o montante destinado a compensar os estados pela perda na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Isso ocorre porque o governo entende que desde 2008 não é obrigado a cumprir com tal obrigação, explicou Miriam Belchior. A definição do montante é prevista no artigo 91 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), por meio da criação de lei complementar.

Diante das críticas pela indefinição do montante, Miriam Belchior observou que a receita dos estados e municípios também cresceu nesses últimos anos, e que não valeria a pena estender a audiência pública para discutir se o governo "compensa ou não compensa". Em sua avaliação, essa questão pode ser equacionada pelo relator do Orçamento de 2012, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

PPA

Em relação ao PPA 2012-2015, Miriam Belchior disse que o modelo do plano consolida uma visão estratégica, participativa e territorializada para o planejamento governamental. Ela ressaltou que 34 conselhos nacionais de políticas públicas foram mobilizados na discussão da matéria, com a participação de 300 representantes da sociedade civil das cinco regiões do país.

O PPA 2012-2015 prevê a manutenção do crescimento econômico, das políticas educacionais, de inclusão social e produtiva, voltadas à população mais jovem, com ênfase em trabalho, ocupação e produtividade.

Miriam Belchior explicou que o plano dialoga com um momento especial vivido pelo Brasil, cuja população economicamente ativa pela primeira vez supera a população não-ativa, o que implica na redução futura da dependência de idosos e crianças pobres em relação a quem se mantém atuante no mercado de trabalho. Daí a importância de programas de qualificação profissional, educação, ciência e tecnologia.

Manifestantes

[Manifestante reclama reajuste salarial e a retirada da audiência - Foto: Pedro França / Agência Senado]

A audiência pública com a ministra, que teve início às 15h, foi marcada pela presença de manifestantes que defendiam reajustes salariais na educação e nas carreiras do Judiciário. Às 15h45, os manifestantes tentaram invadir a sala da comissão, mas foram contidos por policiais legislativos.

Paulo Sérgio Vasco / Agência Senado
 

Notícias

Advogada esclarece o que ocorre com dados digitais após falecimento

Herança digital Advogada esclarece o que ocorre com dados digitais após falecimento Com a ausência de uma legislação específica, cresce a necessidade de planejamento sucessório para ativos digitais como contas online, criptomoedas e arquivos pessoais. Da Redação terça-feira, 3 de junho de...

Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor

ÔNUS INVERTIDO Imóvel não deve ser alienado sem que haja intimação do devedor Martina Colafemina 29 de maio de 2025, 7h49 Como, no caso, o credor não anexou provas da intimação, o juiz classificou como verdadeiros os fatos narrados pela autora e anulou a execução extrajudicial. Confira em Consultor...

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens

Justiça nega exclusão de imóvel em divórcio com regime de comunhão de bens Autora argumentou que bem foi comprado com recursos próprios 23/05/2025 - Atualizado em 23/05/2025 Origem da Imagem/Fonte: TJMG Justiça entendeu que não há provas no processo de que o bem foi adquirido com recursos...